Por: Isaac Carmo Cardozo – Colunista
Certa feita, durante minha rotina de policiamento, algo me chamou a atenção: um jovem montado em seu tordilho seguia apressado, num trote chasqueiro, rumo à praça. Mantive meu trajeto e, ao passar pelo local, encontrei o animal atado, de maneira simples, a um galho. O rapaz estava sentado num banco, conversando com uma moça.
De bombacha, camiseta polo e chapéu cupim entre as mãos, ele falava de forma calma e pachola, enquanto a jovem o escutava.
Era um cenário singelo que destoava do habitual: em tempos em que muitos adolescentes se preocupam em ostentar roupas de grife, postar fotos de baladas e cultivar aparências nas redes sociais, ali estava um guri que havia ido, de cavalo, encontrar uma menina. E o mais belo: ela parecia nem se importar com esse detalhe, conversando naturalmente com ele, com troca de olhares tímidos, como nos velhos tempos.
Comentei com meu colega. Em meio a uma juventude acostumada a outros hábitos, aquela cena me surpreendeu e me alegrou. Gestos simples, modos serenos, como passo calmo de cavalo, tudo isso reacendeu em mim a esperança de que o passado e sua simplicidade ainda encontram espaço numa sociedade tão marcada pela pressa e pela ostentação virtual.

Isaac Carmo Cardozo é 1°Sargento da Brigada Militar, Bacharel em Direito pela Unilassale/Canoas, Especialista em Gestão Pública pela UFSM/Santa Maria e Mestre em Políticas Públicas pela Unipampa/São Borja. Escreveu o livro: Monitoramento de Políticas Públicas de Segurança – O Programa de Resistência às drogas e a violência (Proerd) no Município de São Borja. Tradicionalista, é Coordenador da Invernada Especial do Centro Nativista Boitatá. Historiador e pesquisador e apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul.
















