Crônica: Cabo Dutra (Olívio Dutra)

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Guilherme
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Foto: Reprodução

Por: Isaac Carmo Cardozo – Colunista

Se tem uma figura que eu respeito, essa figura é Olívio Dutra — ex-governador do Rio Grande do Sul — de quem tenho o orgulho de compartilhar histórias de vida sempre que nos encontramos no “Festival da Barranca”.

Na Barranca, as diferenças ficam todas no mundo de fora. Diferenças de chimangos e maragatos, gremistas e colorados, direita e esquerda — tudo isso dá lugar ao culto da arte, da amizade e da tradição.

Pois bem, entre as muitas histórias que ouvi do Olívio, uma delas nos foi contada entre uma taça e outra de um bom vinho Malbec argentino, tendo o Rio Uruguai como pano de fundo, numa sexta-feira santa. Estávamos na companhia dos amigos Hélios (pai e filho), Leão, Rossini e Magal — este último, responsável pela tábua do aperitivo: uma boa cuca, queijo de qualidade e um fio generoso de azeite de oliva.

Nosso governador foi cabo do Exército Brasileiro por volta de 1960 — isso mesmo, foi militar. Contou que, em seu tempo de praça, serviu em São Luiz Gonzaga como cavalariano da mais pura cepa, quando as unidades de cavalaria ainda eram majoritariamente montadas.

Durante uma atividade de campo, na Coudelaria do Rincão, após um dia de manobras, cargas e instruções, ao cair da noite, ficou responsável — junto aos soldados do seu esquadrão — pela guarda da cavalhada. Os animais estavam alimentados e amarrados ao buçal, presos a uma grande corda. Eles estavam acampados no alto de uma coxilha, com as barracas de um lado e a tropa de cavalos do outro, ao redor de um fogo de chão.

Ao olhar para o céu, viram que se armava uma grande tormenta. O vento assobiava cada vez mais alto, anunciando a chegada da tempestade. As barracas, ou bivaques, estavam bem firmadas, com cavaletas prontas para escoar a água. Mas os cavalos começaram a se agitar, nervosos com os relâmpagos, os trovões, o vento forte e a chuva guasqueada.

Não deu outra: a tropa se descontrolou. Eram mais de cem cavalos se enroscando nas cordas, uns puxando para um lado, outros para o outro, e alguns já se machucando. O então Cabo Dutra, responsável pelos animais, pensou rápido: “Vou cortar essas cordas e soltar os cavalos à la cria. Amanhã eu ‘campereio’ e rebusco todos.”

Sacou sua baioneta… mas, para sua surpresa, a lâmina estava cega — não cortava nem vento! A situação só piorava, até que um soldado puxou da cintura uma faca carneadeira e saiu cortando tudo que era corda, soltando a cavalhada, que correu pelo campo, aliviada do pânico.

Foi uma decisão acertada, segundo seus superiores. O Cabo Dutra agradeceu ao soldado, que respondeu com um sorriso maroto:

— “Cabo, sou missioneiro. Sempre carrego uma faca bem afiada, caso precise.”

E assim se ia a noite na Barranca, entre histórias, causos e risadas com os amigos.

Isaac Carmo Cardozo é 1°Sargento da Brigada Militar, Bacharel em Direito pela Unilassale/Canoas, Especialista em Gestão Pública pela UFSM/Santa Maria e Mestre em Políticas Públicas pela Unipampa/São Borja. Escreveu o livro: Monitoramento de Políticas Públicas de Segurança – O Programa de Resistência às drogas e a violência (Proerd) no Município de São Borja. Tradicionalista, é Coordenador da Invernada Especial do Centro Nativista Boitatá. Historiador e pesquisador e apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul.

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