A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, classificou como “festival de agressões” o bate-boca que teve com senadores durante debate sobre a Lei Geral do Licenciamento Ambiental na Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira (27).
— Foi um verdadeiro festival de agressão, de falta de respeito, de preconceito — disse em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quarta-feira (28).
Ela abandonou a sessão após discussão com os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM). Marina contou que recebeu ligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a situação lhe apoiando na decisão de deixar o local.
— O próprio presidente Lula me ligou se solidarizando e dizendo que fiz correto em me retirar daquela comissão porque um senador disse que eu tinha que me pôr no meu lugar. E o meu lugar é onde nós mulheres merecemos. A minha escolha foi de fazer com que o meu lugar seja de combate à desigualdade, ao machismo, ao racismo, à destruição do meio ambiente, à defesa do desenvolvimento sustentável — conta.
Sem intimidação
Apesar da situação no Senado, Marina afirmou na entrevista à Rádio Gaúcha que não será intimidada:
— Por mais que me ataque, me calunie, me desqualifique, eu vou sempre reagir com firmeza. Eu sou de luta e de paz, graças a Deus, mas não vão intimidar. Eles mataram o Chico Mendes achando que a luta ia parar.
Em referência a fala do senador Marcos Rogério (PL), que disse para a ministra “se pôr no seu lugar”, Marina afirmou que o lugar das mulheres é onde elas quiserem.
— Hoje, nós mulheres não aceitamos que eles (homens) digam onde é o nosso lugar. Nosso lugar é onde nós queremos, e o meu lugar é defendendo o meio ambiente, é combatendo o racismo, o machismo, trabalhando para que as pessoas tenham emprego, renda digna e que a gente possa viver num mundo melhor, inclusive na convivência com os diferentes — encerrou.
A discussão
Presente na Comissão de Infraestrutura do Senado para discutir temas relacionados a Lei Geral do Licenciamento Ambiental, na terça-feira (27), Marina se envolveu em um bate-boca com os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Marcos Rogério (PL-RO) e Plínio Valério (PSDB-AM). Ela deixou a reunião após a situação.
O desentendimento entre Marina e os senadores Omar Aziz, Marcos Rogério e Plínio Valério, que a levaram a deixar a reunião, girou principalmente em torno da função do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em processos de licenciamento ambiental.
A discussão começou após Aziz acusar a ministra de “atrapalhar o desenvolvimento do país“, referindo-se a paralisação da pavimentação da BR-319 — estrada federal que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM).
— A senhora (Marina) não é mais ética do que ninguém. A senhora está atrapalhando o desenvolvimento do nosso país. Tem mais de 5 mil obras paradas no Brasil — declarou Aziz.
Posteriormente, o presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), questionou a educação de Marina. Poucos minutos depois, com a discussão mais acalorada, Valério disse que não respeita Marina Silva como ministra.
— A mulher merece respeito, a ministra não — disse o senador Valério.
Após a fala do parlamentar a ministra exigiu um pedido de desculpas:
— Como eu estou convidada como ministra, ou ele me pede desculpas ou eu vou me retirar.
Fonte: GZH