Uma das vítimas do chamado “golpe do falso advogado” pagou mais de R$ 13 mil para uma quadrilha especializada em burlar logins e senhas de advogados e roubar pessoas com processos em andamento na Justiça. O caso aconteceu em Passo Fundo, no norte gaúcho, e chama a atenção para a engrenagem de estelionatários que se passam por profissionais da área jurídica para aplicar golpes.
O mecanismo funciona da seguinte forma: criminosos têm acesso a logins e senhas de advogados através de um comércio clandestino. A partir disso, entram nos sistemas eletrônicos da Justiça, vasculham processos e coletam dados sensíveis. Em seguida, os criminosos entram em contato com as vítimas alegando que é necessário pagar taxas ou impostos para liberar valores de ações judiciais.
Na ação, os golpistas prometem descontos se o pagamento for imediato e enviam documentos falsos para dar credibilidade às cobranças. Reportagem exibida pelo Fantástico mostrou que os prejuízos estimados nos últimos três anos passam de R$ 2,8 bilhões em cerca de 15 mil casos relatados à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Uma cliente da advogada Kátia Miglioli Castro, de Passo Fundo, foi uma das vítimas e perdeu quase R$ 13 mil. Ela conta que os criminosos começaram a conversar com a vítima por volta das 13h30min e a cliente chamou a advogada por volta das 17h para saber se a cobrança era real.
Segundo Kátia, os golpistas se aproveitam da relação de confiança entre advogado e cliente. Muitas vítimas fazem empréstimos para conseguir pagar os valores solicitados:
— Primeiro, ela pagou R$ 3.998. Depois, induziram a depositar mais R$ 3 mil. Ao todo, ela depositou quase R$ 13 mil para liberar um valor de R$ 130 — relata.
Outro advogado, Altiere Peruso, afirmou que já soube de cinco tentativas de golpe envolvendo seu nome:
— Não sou só eu, são diversos advogados que passam por isso todo dia. Provavelmente eles conseguem bastante golpes nesse sentido, por isso o volume é grande.
Como não cair no golpe

O delegado regional da Polícia Civil, Adroaldo Schenkel, reforça a importância de desconfiar da urgência nos pedidos:
— Normalmente o golpista promete facilitação ou valor menor se o pagamento for imediato. Essa urgência deve ser evitada. Converse com alguém de confiança ou outro advogado.
Essa também é a orientação da OAB: em caso de dúvida, os clientes devem ligar para um telefone fixo do escritório de advocacia ou comparecer ao local pessoalmente para se certificar se há, de fato, uma solicitação da parte do seu procurador ou procuradora.
Aos advogados, a orientação é estabelecer protocolos seguros de comunicação e criar senhas de controle para identificação entre advogado e cliente.
— Em caso de contato suspeito ou envio de valores, a recomendação é procurar a polícia para que o caso seja investigado — pontuou o delegado.
Fonte: GZH
















