O governo da Argentina anunciou, nesta terça-feira (2), que intervirá no mercado cambial para conter a desvalorização do peso que se acelerou nos últimos dias, em meio a um escândalo por supostos subornos que envolve a irmã do presidente Javier Milei.
A decisão de intervir pelo Tesouro representa uma mudança na política cambial do governo. Isso ocorre às vésperas das eleições legislativas de domingo na província de Buenos Aires, o maior distrito do país, governado pela oposição peronista.
Nos últimos dias, o aumento da demanda por dólares levou a cotação da moeda perto do teto da banda de flutuação estabelecida pelo governo de 1.467 pesos por dólar, limite a partir do qual o Banco Central pode intervir no mercado.
A política de elevação das taxas básicas de juros não reduziu o ímpeto por se desfazer dos pesos e buscar refúgio no dólar, em um clima de incerteza alimentado pela proximidade das eleições legislativas de meio de mandato, que serão realizadas em outubro.
A escalada do dólar ocorre enquanto a justiça investiga a suposta corrupção com superfaturamento de medicamentos na Agência Nacional de Deficiência, caso que envolve Karina Milei, irmã do presidente, seu braço direito e secretária-geral da Presidência.
As oscilações na cotação do dólar são um tema sensível para os argentinos, que buscam proteger suas economias por meio da compra de moedas e também para o governo, determinado a evitar que a desvalorização da moeda impacte a inflação.
O controle da inflação, que foi reduzida em julho para 17,3% acumulado desde o início do ano em comparação com 87% no mesmo período de 2024, é um dos principais eixos do governo de Milei, que assumiu em dezembro de 2023 com um plano de forte ajuste fiscal.
O secretário de Finanças, Pablo Quirno, informou por meio de sua conta no X que a intervenção do Tesouro no mercado de câmbio livre busca “contribuir para sua liquidez e funcionamento normal”.
A cotação que havia alcançado na segunda-feira quase 1.400 pesos por dólar ficou nesta terça em 1.375 pesos por unidade após o anúncio, uma queda próxima de 1%.
Fonte: Correio do Povo