O caldeireiro industrial Carlos Eduardo Nunes, 43 anos, morreu na noite desta segunda-feira (1º), após permanecer cerca de dois meses internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. A informação foi confirmada pela família. Nunes foi hospitalizado após ser imobilizado em uma abordagem policial, em Guaíba, no dia 24 de junho.
Na ocasião, o caldeireiro industrial, em aparente surto, foi contido por policiais do 31º Batalhão de Polícia Militar. Ele sofreu parada cardiorrespiratória após receber um disparo de taser — arma de eletrochoque para incapacitação temporária — e um golpe “mata-leão”. O homem ficou desacordado e foi levado em uma viatura para atendimento médico.
Segundo a família, Nunes permaneceu 50 dias na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), em coma. Há cerca de 20 dias, foi transferido para um quarto, onde seguiu sem responder a estímulos.
— Estamos muito abalados com a morte dele — disse o filho, Weverson Eduardo Fernandes Nunes, 23 anos.
Zero Hora tentou contato com o Hospital Moinhos de Vento para confirmar a causa da morte, mas foi informado que, em razão da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a instituição não pode passar informação de pacientes.

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Brigada Militar e Polícia Civil descartam responsabilidade de PMs
Investigações da Brigada Militar e da Polícia Civil não apontaram responsabilidade de policiais militares na abordagem que deixou Nunes em estado vegetativo.
A Corregedoria da Brigada Militar investigou o episódio e concluiu o trabalho no dia 4 de agosto. O relatório foi encaminhado ao Tribunal de Justiça Militar, sem indicar relação entre a imobilização e a atual condição clínica de Nunes.
Segundo o corregedor-geral, as conclusões da investigação foram baseadas no boletim de atendimento da ocorrência e em exame pericial do Departamento Médico Legal. Não houve análise de sangue, conforme o oficial.
A Polícia Civil também concluiu, no início do mês de agosto, a investigação do caso. O inquérito civil, finalizado em 8 de agosto, também não apontou relação entre a imobilização policial e a parada cardiorrespiratória. Segundo a delegada de Guaíba, Karoline Calegari, a conclusão é de que os policiais militares que efetuaram a abordagem “agiram em estrito cumprimento do dever legal“.
Segundo a delegada, o homem estaria sob efeito de substância entorpecente. Apesar de não ter havido exame de sangue, a conclusão é baseada “no relato da família”.
O relatório da Corregedoria da Brigada Militar foi encaminhado para o Tribunal de Justiça Militar do Estado. Caberá à Promotoria de Justiça Militar dar o encaminhamento ao caso, podendo solicitar mais diligências ou o arquivamento. No âmbito civil, também cabe ao Ministério Público avaliar as conclusões da Polícia Civil.