São 30.978 as pessoas na Serra que vivem em áreas consideradas de risco. O dado, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), integra os estudos realizados pelo órgão no ano passado. Em outubro de 2024, técnicos do SGB começaram a mapear e analisaram nove cidades da região.
São elas Canela, Caxias do Sul, Cotiporã, Gramado, Guaporé, Nova Petrópolis, Santa Tereza, São Valentim do Sul e Veranópolis, todas intensamente atingidas por desmoronamentos ou enchente, decorrente da chuva de maio. Outros 82 municípios gaúchos também foram beneficiados com o projeto.
Os resultados, apresentados oficialmente no fim de setembro, apontam que parte considerável da população gaúcha e, especificamente, da Serra, está em áreas consideradas vulneráveis a novos eventos climáticos extremos. Veja os dados por município na tabela abaixo.
Os municípios da Região das Hortênsias lideram a lista com maior quantidade de imóveis e pessoas em regiões de risco geológico ou hidrológico. Só Gramado concentra 9,7 mil pessoas em áreas consideradas de risco e possui 2,4 mil imóveis nessas regiões.
Em Canela são 7,3 mil moradores e 1,8 mil imóveis situados em espaços vulneráveis a novos episódios de chuva extrema e suas consequências. Caxias do Sul fecha a lista das três cidades mais afetadas, com 5,1 mil pessoas em áreas de risco e 1,2 mil imóveis nessas condições.
“Urbanização não pode avançar por áreas de risco”, defende chefe do Departamento de Gestão Territorial do SGB
Assim como indicado no ano passado pelos técnicos do SGB, a Serra tem alta propensão a deslizamentos de terra. Com a chuva de maio, áreas que antes não tinham essa tendência passaram a apresentar características típicas de risco geológico.
— Em alguns locais o terreno se movimentou, não o suficiente para ocorrer um deslizamento, mas acabou se tornando uma área de risco. Se antes essa encosta não tinha trincas, árvores inclinadas, depois da chuva de maio notamos essas características. O ponto é que para que ocorra um deslizamento já não é mais preciso um evento extremo — explica o chefe do Departamento de Gestão Territorial do SGB, Diogo Rodrigues.
Outras situações, como enxurradas, alagamentos e enchentes também foram mapeados pelo estudo. O mapeamento técnico das áreas vulneráveis nas cidades gaúchas, entre elas as serranas, já foi remetido às prefeituras. Os documentos que contam com estudos de risco hídrico e geológico também trazem sugestões de medidas que podem ser adotadas pelas gestões municipais.
Essas recomendações deverão orientar as prefeituras na elaboração de políticas públicas e adoção de medidas estratégicas adaptativas. Para Rodrigues, uma das medidas prioritárias é a limitação de construções em regiões classificadas como de risco.
— Além da condição favorável ao deslizamento nas áreas serranas, é muito importante que as prefeituras atentem à ocupação desses locais para que não aumente a população. A partir do Plano Diretor, é possível regrar essas construções e indicar os locais favoráveis para a urbanização.
Fonte: GZH