No dia 22 de setembro, um acidente na Avenida Dorival Cândido Luz de Oliveira, em Gravataí, causou a morte da jovem Emilly Ariane Camargo Arreal, 19 anos. O namorado da vítima conduzia o carro que bateu em um poste. Ele não possuía Carteira Nacional de Habilitação.
Dados do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) revelam que, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados 1.096 acidentes com morte. Desse total, 342, o que equivale a 31%, tiveram a participação de condutores ou motociclistas sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os números foram fornecidos a pedido de Zero Hora.
Considerando o mesmo período, trata-se da maior taxa envolvendo não habilitados em ocorrências com morte nos últimos seis anos. Comparando com o ano passado, que registrava a maior taxa até então, houve um aumento de 15% (veja gráfico).
Ainda levando em conta o mesmo período dos últimos seis anos, ao somar o número de ocorrências, chega-se a 1.526 acidentes com essa característica.
O Detran salienta que, não obrigatoriamente, o condutor ou motociclista não habilitado foi o responsável pelo acidente. Mas, no mínimo, não deveria estar dirigindo.
— Qualquer dado que significa aumento da letalidade é preocupante. Não são números frios, são vidas. Estamos, sim, cientes e acompanhando e fazendo o possível para que isso não seja apenas uma tendência que a gente consiga estancar — afirma a diretora institucional do Detran RS, Diza Gonzaga.
A presença de motoristas em situação irregular é considerado um dos fatores de risco para acidentes. Nos últimos dias o tema tem ganhado repercussão após o presidente Lula dar aval a uma medida que tira a obrigatoriedade de autoescola para adquirir a CNH. O objetivo é diminuir a quantidade de condutores irregulares, que segundo dados do governo federal é, atualmente, de 20 milhões.
Para a coordenadora Institucional da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga – Vida Urgente, Larissa Gonzaga, apesar da irregularidade ser um problema, a medida também pode oferecer riscos:
— Reduzir o custo imediato do processo dessa habilitação pode atrair mais pessoas para a regularidade. Mas, por outro lado, também pode fragilizar muito a formação de condutores, que já apresenta falhas estruturais e precisa ser aprimorada.
Para Larissa, a solução está em tornar o processo mais acessível, sem impactar a formação.
— O risco é claro, sem uma formação sólida, a tendência é termos mais sinistros graves nas nossas ruas, avenidas e estradas — complementa.
Fonte: GZH